8 perguntas para fazer antes de viver sob o mesmo teto
Por mais afinidade e harmonia que haja quando cada um mora na própria casa, é na hora de viver sob o mesmo teto que a história de amor passa por sua maior prova de resistência. “Encarar a responsabilidade sobre a manutenção do ambiente a dois pode ser complicado se um dos envolvidos (ou ambos) não estiver disposto a fazer sua parte, o que inclui concessões, nessa nova jornada”, afirma o terapeuta familiar e de casal Luciano Passianotto, de São Paulo. A seguir, especialistas em relacionamento listam oito perguntas para o casal considerar antes de tomar a decisão de viver junto. Fontes: Adelsa Cunha, psicóloga e psicodramatista e organizadora do livro “Por Todas as Formas de Amor” (Editora Ágora); Blenda de Oliveira, psicóloga clínica e terapeuta familiar e de casal; Luís Fernando Nieri de Toledo Soares, da SBPA (Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica) e filiado à IAAP (International Association for Analytical Pscychology); Márcia Tolotti, psicanalista, consultora em educação financeira e autora de “As Armadilhas do Consumo” (Editora Elsevier) e Rosicler Santos Bahr, psicóloga, terapeuta familiar e coordenadora do Intercef (Instituto de Terapia e Centro de Estudos da Família), em Curitiba. 1 - O que significa, de fato, morar junto? O conceito precisa estar muito bem definido para os dois. Se a decisão é uma forma de casamento -- que acontece quando o relacionamento já dura um tempo e há compromisso claro de ambos os parceiros--, ela é o resultado da construção de um projeto comum. Agora, se for motivada por outros aspectos, como uma alternativa para rachar o aluguel, há pontos que precisam ser bem analisados antes da decisão. Quando surgirem as diferenças (e elas certamente aparecerão) qual será o combinado do casal? O insatisfeito pode se mudar ou ambos tentarão esgotar as possibilidades para resolver a situação, antes de optarem por dissolver a relação ou voltar ao patamar de apenas namorados? Por isso, é fundamental um diálogo claro. 2 - A quem pertence o espaço? Uma coisa é os dois construírem juntos um espaço próprio. Outra é um morar na casa do outro. A decisão de morar junto implica na construção de um "nós". Se uma das pessoas já mora sozinha, é preciso muita conversa para analisar o quanto desse lugar poderá ser do casal. Os dois terão direitos iguais? Se isso não fica claro desde o início, muitos problemas podem acontecer em pouco tempo. 3 - Como o casal irá organizar o dia a dia? Toda convivência necessita de regras. E morar junto requer a administração de direitos e deveres de ambos os lados. Por isso, os acordos devem ser claros desde o começo. Assim será muito mais fácil evitar desgastes e aborrecimentos. Ao viver sozinho, é possível tomar decisões sem precisar pensar muito, como o quê e em que horário comer, quando limpar a casa e quando se divertir ou relaxar. Quando dividimos o teto com alguém, todas essas são decisões que precisam ser tomadas em conjunto. Pessoas diferentes têm hábitos diferentes e acreditar que o outro vá se adaptar ao seu modo de fazer as coisas é muita ingenuidade. É preciso estar ciente de que uma nova rotina que melhor acomode as necessidades do casal vai precisar ser desenhada e seguida. 4 - Quais são as expectativas? É saudável que nenhum dos dois acredite que o cotidiano vai ser um eterno romance. Uma das queixas mais comuns dos casais é que o parceiro passou a ser outra pessoa após o relacionamento ficar mais sério. A decisão de morar juntos é um grande passo em um relacionamento amoroso. Tomá-la baseado naquilo que se acredita que o outro é enquanto se está apaixonado é um erro. Por isso, as pessoas precisam se conhecer realmente. 5 - Como dividiremos as contas? O casal deve avaliar quais acordos financeiros permearão a decisão de morar juntos. Quem pagará o quê, como vão lidar com as despesas pessoais e o que farão com o excedente do salário são algumas das questões que devem ser ponderadas. Falar sobre finanças é uma forma de fortalecer a relação amorosa, uma vez que proporciona o respeito mútuo, eleva a cumplicidade, o estabelecimento dos limites e evita problemas financeiros que podem levar à separação. 6 - Estou disposto a compartilhar minha intimidade? Morar com alguém é mais do que dividir a cama. É compartilhar a lavanderia e o banheiro. Morar sob o mesmo teto faz ainda com que as pessoas troquem mais ideias, confessem medos e preocupações e tracem objetivos a serem alcançados, aspectos que aproximam os casais e geram confiança e parceria. Você vai se expor mais. Parece assustador, mas pode ser gratificante e enriquecedor. 7 - Conseguirei tolerar as diferenças? Conviver sob o mesmo teto é aguentar que o outro não abaixa a tampa da privada, não repõe o papel higiênico, deixa fios de cabelo pelo chão ou no boxe e, muitas vezes, nem dá descarga depois de usar o banheiro. É se deparar com realidades inesperadas em relação ao "amor de sua vida", que se revela humano. É preciso maturidade para lidar com a verdadeira intimidade do dia a dia de um casal. 8 - Um está pronto para lidar com o universo do outro? Uma das lições mais valiosas da arte de conviver é reconhecer a necessidade do outro de ficar sozinho em alguns momentos e exercitar sua individualidade --e também reivindicá-la para si. Na contramão dessa questão, estão as interações sociais. Embora seja natural que o casal se empolgue com a nova vida, a vida social é importante e ambos têm diferentes famílias e amigos. É bom ter isso em mente e combinar como vocês pretendem lidar com a questão.
VEJA A MATÉRIA ORIGINAL PUBLICADA AQUI