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​Procurando Dory: mensagem homofóbica por Whatsapp alerta sobre suposto casal gay do filme

Uma mensagem de Whatsapp aponta o suposto casal como uma "má influência disfarçada para nossas crianças". Entenda a polêmica e veja a opinião de especialistas:


​Há algumas semanas, circula pela internet o boato de que o filme Procurando Dory, da Disney•Pixar, que estreia no Brasil dia 30 de junho, seria o primeiro a estrelar um casal homoafetivo em uma produção infantil. Agora, uma mensagem de Whatsapp, sem usuário identificado, que está circulando pela internet, "alerta" os pais sobre esse suposto casal gay que dá as caras na animação. De acordo com a mensagem, o filme traria uma "má influência disfarçada para com nossas crianças". E se ainda sobrar alguma dúvida sobre a natureza homofóbica do texto, o último parágrafo confirma: "o fim não é outro senão que nossas crianças aceitem como normal uma relação homoafetiva". Em primeiro lugar, CRESCER conferiu o longa na íntegra e... nem percebeu se havia um casal homoafetivo ou não. Sabe por quê? Porque não faz a menor diferença na história. A cena que criou a polêmica tem como cenário o Instituto de Vida Marinha, local principal da trama. No momento em que Dory e o polvo Hank tentam chegar a um determinado espaço dentro do Instituto, eles encontram duas mulheres no meio do caminho, durante uma tomada que dura menos de um minuto - e que era para ser divertida, não polêmica. Não dá para saber se elas formam um casal. Nem a Disney•Pixar confirmou se trata de um casal ou não. Mas e daí se formasse? "Não há motivo cientificamente para achar que, se a criança viu uma coisa em um filme, aquilo vá determinar sua orientação sexual. É um reação um tanto histérica dos pais", explica o psicólogo Yuri Busin, diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio (CASME). Aliás, hoje o termo opção sexual é considerado ultrapassado, pois não se trata de uma escolha. O correto é orientação sexual. Para o terapeuta familiar Luciano Passianotto, essa repercussão é uma tentativa das famílias de blindar as crianças contra modos de viver diferentes do seu. "Muitas vezes, os pais se acham os únicos responsáveis pela formação dos filhos, inclusive em sua sexualidade. Mas isso não é totalmente verdade. Se fosse assim, todos os filhos seriam iguais aos pais. O que devemos questionar é: existe uma única forma de se viver?". Nesse mundo multicultural contemporâneo, pessoas pensam de formas diferentes. Fazem escolhas diversas. E tudo bem. Você tem o direito de agir e acreditar no que quiser desde que respeite o outro. Sim, você pode (e deve!) passar ao seu filho suas crenças e valores, mas sempre mostrando que existem pessoas que pensam de outras formas. Até porque, em alguma momento, a criança vai entrar em contato com posições conflitantes, independente do assunto. Faz parte da natureza humana essa diversidade de ideias, inclusive no que diz repeito à sexualidade. "Os pais, muitas vezes, tendem a colocar uma redoma em volta dos filhos. As crianças precisam estar expostas a temas mais complexos desde cedo porque, quanto antes elas aprenderem a reconhecer as diferenças, mais cedo vão poder identificar quem elas mesmas são", completa o terapeuta. Por isso, em vez de tentar limitar a visão que seu filho tem do mundo e das pessoas, ajude-o a construir sua própria identidade e a se tornar uma pessoa tolerante. O mar é imenso e nele cabem peixes de diversas cores, formatos e naturezas.


Veja o artigo original publicado aqui

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